sexta-feira, 21 de junho de 2013

Melhores livros infantis de 2013! #protestomaterno


Boa noite gente!

 Queridos amigos apaixonados por literatura, nunca nos esqueçamos de que o que é bom pra nós (os livros, a literatura, a arte), também devem ser apresentados aos pequenos!


Eles não são o futuro, são o presente! Nos ensinando a cada dia um muito mais... 


Em tempos de manifestações e grandes reflexões, o que eu recomendo a vocês: Estimulem a leitura e a reflexão sobre a mesma: SEMPRE! E se o seu filho lhe perguntar o que está acontecendo, por que o trânsito está lento, por que não teve aula hoje ou por que as pessoas estão carregando cartazes: Explique a ele, não estimule a alienação em que vivem muitas crianças  e adultos! Crianças, pensam, refletem e percebem muita coisa que nós não percebemos!

 

#protestomaterno

 


Deixo-lhes a indicação de uma matéria da Revista Crescer, sobre os 30 melhores livros infantis selecionados neste 2013, pela revista!!!

 

Os 30 melhores livros infantis de 2013


 

Ahhhh e não esqueça: Se tem uma festinha de aniversário no final de semana, o melhor presente será sempre um bom livro!


Beijinhos;

Grazi

sábado, 15 de junho de 2013

Livro Infantil e ilustrações

Olá amigos passei uns dias sem escrever por aqui, pois precisei priorizar outras tarefas esta semana! Mas não pensem que deixei de pensar no blog, nos próximos posts, em novas formas de divulgação...
 
Deixo-lhes uma singela dica de mãe: Incentivem a leitura dos livros infantis, mesmo que seus filhos ainda não sejam alfabetizados. Lhe parece um paradoxo? Mas não é não, para muitos já é lugar comum, mas para outros não... Você conta uma linda história ao seu filho, mostra-lhe as figuras, à medida que for contando, e logo após, ou mesmo em outro momento, peça-lhe que conte a história ouvida. Ele certamente amará a possibilidade e "lerá" as ilustrações, criará novas personagens, dará novas nuances ao livro e você encantar-se-á com o contador de histórias que tem em casa.
 
E você tem uma experiência para nos contar? Alguma dica? Sugestão?
Aguardarei seus comentários! E não esqueçam de nos seguir por aqui!
 
Abaixo um artigo muito interessante sobre o texto e a ilustração! Vale a leitura.
 
Beijocasss;
Grazi
 
 

O LIVRO ILUSTRADO INFANTIL: ESSE POLÊMICO OBJETO



Paula Mastroberti

A idéia de escrever esse artigo me ocorre, é claro e como sempre, a partir das discussões sobre a definição do gênero literário voltado especificamente para o leitor antes definido pelos simples contornos da figura infantil, agora complexificado com a inclusão do perfil adolescente ou juvenil. Além de tentar determiná-lo a partir de uma tipologia destinatária levando em menor consideração a sua forma intrínseca — em geral tanto mais próxima da arte quanto mais se afasta da sua constituição enquanto gênero —, está-se ainda por resolver as questões autorais relativas aos modos de sua produção, ilustrada por regra.

Por volta dos dias que antecedem aos que me ocupei em escrever esse ensaio, saiu, na coluna Gente Boa do Jornal O Globo, a seguinte nota:

[...] os ilustradores, principalmente os de livros infantis, querem rachar o direito autoral com os escritores.

Não aceitam mais um xis pelo trabalho. Pedem um percentual nas vendas, de olho na força do setor e nos grandes lotes comprados pelo governo. (SANTOS, Joaquim Ferreira dos. O Globo, 17 de junho de 2009.)

A nota causou movimentação intensa na correspondência eletrônica interna da Associação de Escritores e de Ilustradores de Literatura Infantil e Juvenil (AEILIJ), da qual faço parte em ambas as categorias, suscitando protestos indignados. Como a Sociedade de Ilustradores do Brasil (SIB), a AEILIJ, manifestou-se oficialmente e através de seus membros, via blogs, jornais online e impressos. Os comentários gotejados nesses espaços se mostraram majoritariamente defensores do ilustrador como autor, cujos direitos deveriam ser os mesmos do escritor, sem onerá-lo ou dividir com ele o percentual sobre o preço de capa (que varia de 8 a 10 por cento conforme cada editora), mas requisitando o mesmo valor ao lado do escritor, ao contrário do que sugere a nota jornalística.



Mas o que tem esse alho a ver com os demais bugalhos? Já explico.

Temo que toda essa confusão se centre justamente nas dificuldades de classificação do livro infantil ilustrado1i: nas instituições acadêmicas voltadas para os estudos literários (incluindo os envolvidos exclusivamente com a Literatura Infanto-Juvenil), as pesquisas se centralizam no discurso verbal, marginalizando a análise das artes às quais ele se apresenta inexoravelmente aliado; os estudos realizados na área de Artes Plásticas, por outro lado, raramente envolvem as artes gráficas ou ilustrativas, consideradas de interesse menor; quando o fazem, se apresentam de modo semelhante aos da área de Letras, ou seja, colocando em foco a linguagem que lhes cabe, desabilitando nesse caso a poética verbal. A área de Comunicação, ao se voltar pra as produções gráficas e culturais dirigidas ao público jovem, mostra-se mais atenciosa ao tipo de análise duplo-discursiva que o livro infanto-juvenil requer, sobretudo quando parte da Semiótica; mas está mais preocupada com seus aspectos comunicativos, ou seja, do livro como objeto de consumo cultural. Na Educação, os estudos privilegiam um ou outro aspecto do livro infantil, porém procurando integrar à análise uma proposta metodológica de ensino de literatura ou de artes.

Após esse panorama um tanto evasivo, reconheço, quero propor uma reavaliação, tanto dos modos de aproximação desse objeto, quanto de sua posição transversa. Digo transversa, porque o livro ilustrado e direcionado às crianças nasce assim, nas entre-prateleiras da estante

cultural, perturbando noções seguras e tradicionais sobre arte e literatura: ele não seduz somente os leitores iniciantes, mas muitas vezes é aos olhos dos pais e educadores que apela em sua função estética; ele não é obra literária strictu sensu, porque seu conteúdo narrativo ou poético verbal é interativo aos sentidos e significados gráficos e sensuais presentes não só nas imagens reproduzidas, mas na matericidade do próprio suporte, aos quais muitas vezes é subserviente; por outro lado, não é um objeto artístico exclusivamente plástico ou gráfico, porque contém um texto com pretensões literárias. O livro ilustrado é, portanto, um objeto híbrido: como tal ele se oferece e como tal deveria ser tratado, para além das teorias da literatura e da arte tradicionais. Para falar dele em termos qualitativos, os estudos deveriam compreender uma análise que incluísse todas as instâncias discursivas nele apresentadas, bem como o efeito híbrido resultante; é claro que isso requer fôlego por parte de seus analistas no sentido de transpor as fronteiras disciplinares onde atuam e trabalharem em âmbito inter-área, entrelaçando as respectivas grades teóricas.

O comportamento do livro infantil ilustrado se assemelha ao do cinema, ou do teatro, ou ainda ao dos quadrinhos: como estes, ele é resultado de um trabalho de equipe, onde o escritor é apenas um dos componentes, quase atuando como um roteirista sobre cujo trabalho se dinamiza e se apóia a seqüência de imagens propostas pelo ilustrador, responsável pelos aspectos visíveis e plásticos de encenação, sob a regência (ou direção) do projetista gráfico. Este, além de organizar a montagem (estabelecendo uma relação sintática entre os discursos), também se encarrega de sua edição (diagramando, redimensionando ou recortando texto e imagens, entre outros). Às vezes, o ilustrador assume também essa função; às vezes, sua função é tripla, porque ele também escreve. Mais raramente veremos um escritor que elabore o projeto gráfico de uma obra sua a ser publicada. Nos quadrinhos, o trabalho em equipe é aceito e creditado sem discussão, porque é um produto que se assume como resultado de um esforço coletivo originário da indústria cultural; parece-me que, no que concerne o livro ilustrado infantil, as editoras e o sistema literário, na ânsia de inseri-lo na alta cultura, preferem obliterar sua poli-autoralidade, sua poli-discursividade; a primeira complicaria sua inserção no sistema que pretende conferir-lhe o status de obra autoral, a segunda, como já vimos, complica bastante não apenas a sua classificação em termos de gênero, como também em termos de espécie; a primeira implica reconhecer os direitos em separado de cada voz que fala (visual, gráfica e verbal); a segunda, em ampliar a noção de texto como algo para além da palavra escrita, o que por sua vez implicaria numa reavaliação do próprio sistema literário e da definição de literatura como campo onde se explora artísticamente e com exclusividade a linguagem escrita — privilegiando, assim, o autor-escritor.



Cabe aqui esclarecer que mesmo esse objeto híbrido tem lá suas gradações, o que dificulta sua classificação: há obras infantis onde a imagem é tudo, o verbo é quase nada — uma frase aqui, outra ali, pontuando as ilustrações que conduzem a história ou a poesia ao longo das páginas; há outras em que texto e imagem se apresentam tão imbricados que fica difícil determinar até mesmo suas fronteiras semióticas (como é o caso da história em quadrinhos, a qual o livro infantil muitas vezes se aparenta, se não no formato, na integração entre discursos). Não cabe aqui falar dos livros de imagens, um caso explícito de invasão das linguagens visuais num suporte normalmente destinado a transportar escrituras. Pode-se ainda estabelecer um outro eixo analítico, se quisermos levar agora em consideração o seu destinatário: um texto com evidentes intenções infantis pode ser rejeitado em virtude de ilustrações demasiado complexas; o contrário também é válido, quando observamos o lançamento de publicações de textos classificados como literatura adulta imbricados à uma roupagem gráfico-visual de características infantis (seria interessante, mas não terei espaço aqui para definir o que constituiria essa adequação das artes visuais à percepção infante, se ela existe ou se ela é possível).

Em caso de um trabalho de equipe bem equilibrado, quando, ao interagirmos com esse objeto, nossa capacidade interpretativa não consegue prescindir nem das informações conjuradas pela inter-relação entre os discursos, nem do efeito estésico único resultante, fica claro que o livro infantil ilustrado transgride o conceito tradicional de literatura. Também se justifica, para mim, a equalização dos direitos autorais para escritores e ilustradores, estendido à

i Tratarei por livro infantil ilustrado todo o produto editorial que, ao assumir o formato-livro, o faça dirigindo-se explicitamente à criança ou jovem, da primeira à segunda infância, incluindo a pubescência, sem utilizar de outros artifícios que não sejam ilustrações (coloridas ou em preto e branco), impressas junto a um texto literário (poesia ou prosa). Embora o livro juvenil propriamente dito também possa se apresentar ilustrado, isso não o caracteriza necessariamente. Há uma enormidade de livros juvenis, ou lidos pelo público juvenil (da pubescência à puberdade) cujo aspecto gráfico se assemelha ao dirigido ao público adulto. Excluo também aqueles livros ilustrados que suportam textos literários cujo conteúdo poético-significativo seja auto-suficiente, ou seja, que possa ser apreciado sem o recurso de ilustrações; produtos culturais que, apesar de se assemelharem a livros ilustrados infantis, não apresentam conteúdo literário poético ou narrativo, mas comportam-se mais como brinquedos e, por fim, os livros de imagem



valorização do projetista gráfico ou designer de livros, ao qual se deve, muitas vezes, o mérito por um discurso híbrido bem sucedido.

Por fim, para amarrar possíveis frases soltas: o livro ilustrado infantil, tal como aqui configurado, não é apenas um produto literário, mas um produto artístico cultural com qualidades específicas, tanto do ponto de vista comunicativo quanto estético; para ser analisado em toda sua riqueza e complexidade, deve-se conjurar uma rede de teorias que envolvam as áreas da literatura, da semiótica, das artes plásticas e gráficas; em sua inserção em contexto sociocultural, ele deve garantir não só uma qualidade própria advinda de sua hibridização, mas a igualdade no tratamento de suas vozes autorais por parte do sistema cultural, seus representantes, instituições e produtores editoriais.

quinta-feira, 6 de junho de 2013

A Maior Flor do Mundo | José Saramago



Uma das mais lindas e singelas histórias! Saramago sempre apaixonante... A criança que sempre morará em mim amou e emocionou-se com tanta doçura e sensibilidade! Muito obrigada, meu sempre amado, Saramago!

segunda-feira, 3 de junho de 2013

Os Saltimbancos

 

Oi  amigos, tudo bem? Vocês já conhecem os Saltimbancos? Já pensaram na riqueza de formas com que podemos apresentar este texto às crianças.

Deixo-lhes uma pequena amostra com informações, e amanhã conversaremos mais sobre o assunto!

 

Os Saltimbancos – A História


Baseado no conto “Os músicos de Bremem” dos Irmãos Grimm, a montagem de Sergio Bardotti e Luiz Enriquez teve a versão em português de Chico Buarque,  o espetáculo teve uma montagem magnifica e histórica no teatro Canecão, no Rio de Janeiro em 1977 e teve como elenco de estréia  Marieta Severo (a gata), Miúcha (a galinha), Pedro Paulo Rangel (o cachorro) e Grande Otelo (o burro). Outra montagem ocorreu em 92, também com grande sucesso, com Nizo Neto (O Jumento), Maria Lúcia Priolli (A Gata), Ruben Gabira (O Cachorro) e Suely Franco (Depois Andréa Veiga) (A Galinha).
Essa obra originou ainda dois discos. Um lançado em 1977, com participações de Nara Leão, Miúcha, MPB-4 e outro em 94, com o elenco de 92.
Em 1981, Os Trapalhões lançaram também sua versão, Os Saltimbancos Trapalhões.
 
OS MÚSICOS DE BREMEM
Nesta história, um burro, um cão, um gato e um galo, maltratados pelos seus donos, abandonam-nos e decidem ir para Bremen, uma cidade onde conhecerão a liberdade.
Esta fábula tem um significado óbvio: os quatro animais representam as diferentes classes do povo; os seus donos os regentes feudais desse tempo. Bremen, uma cidade livre  onde não existia feudalismo, era o local natural para se viver sem amos.
Bremen recorda esta história através de uma estátua de bronze de dois metros de altura ao lado da Câmara Municipal (Rathaus).
Fonte principal: Wikipedia

sábado, 1 de junho de 2013

Um poeminha sobre a diversidade!


Tenham um ótimo domingo em família, e aproveitem para dedicar um pouco do seu tempo à literatura com seus filhos!


Um poema apaixonante da Tatiana Belinsk


Diversidade

Um é feioso,
Outro é bonito

Um é certinho

Outro, esquisito

Um é magrelo

Outro é e gordinho

Um é castanho

Outro é ruivinho

Um é tranqüilo

Outro é nervoso

Um é birrento
Outro dengoso

Um é ligeiro

Outro é mais lento

Um é branquelo

Outro sardento

Um é preguiçoso

Outro ,animado

Um é falante

Outro é calado

Um é molenga

Outro forçudo

Um é gaiato

Outro é sisudo

Um é moroso

Outro esperto

Um é fechado

Outro é aberto

Um carrancudo

Outro ,tristonho

Um divertido

Outro, enfadonho

Um é enfezado

Outro é pacato

Um é briguento

Outro é cordato

De pele clara

De pele escura

Um ,fala branda

O outro, dura

Olho redondo

Olho puxado

Nariz pontudo

Ou arrebitado

Cabelo crespo

Cabelo liso

Dente de leite

Dente de siso



Um é menino

Outro é menina

(Pode ser grande ou pequenina)


Um é bem jovem

Outro, de idade

Nada é defeito

Nem qualidade


Tudo é humano,

Bem diferente

Assim, assado todos são gente

Cada um na sua

E não faz mal

Di-ver-si-da-de

É que é legal

Vamos, venhamos

Isto é um fato:

Tudo igualzinho

Ai ,como é chato!


Tatiana Belinky

Ainda Marcelo, Marmelo, Martelo, de Ruth Rocha


Gente vou postar pra vocês o lívro na íntegra, para que dessa forma, todos possam ter acesso ao livro, mas eu sempre recomendo que tentem adquirí-lo, um livro editado, com suas lindas ilustrações, e seu cheirinho de "livro", tem seu valor, e este é inestimável!


Copyright © 1976, Ruth Rocha

Capa e ilustrações: Adalberto Cornavaca


Marcelo,

marmelo, martelo



Marcelo vivia fazendo perguntas a todo mundo:

— Papai, por que é que a chuva cai?

— Mamãe, por que é que o mar não derrama?

— Vovó, por que é que o cachorro tem quatro pernas? 

As pessoas grandes às vezes respondiam.

Às vezes, não sabiam como responder.

— Ah, Marcelo, sei lá...

Uma vez, Marcelo cismou com o nome das coisas:

— Mamãe, por que é que eu me chamo Marcelo?

— Ora, Marcelo foi o nome que eu e seu pai escolhemos.

— E por que é que não escolheram martelo?

— Ah, meu filho, martelo não é nome de gente! É nome de

ferramenta...

— Por que é que não escolheram marmelo?

— Porque marmelo é nome de fruta, menino!

— E a fruta não podia chamar Marcelo, e eu chamar marmelo?

No dia seguinte, lá vinha ele outra vez:

— Papai, por que é que mesa chama mesa?

— Ah, Marcelo, vem do latim.

— Puxa, papai, do latim? E latim é língua de cachorro?

— Não, Marcelo, latim é uma língua muito antiga.

— E por que é que esse tal de latim não botou na mesa nome de

cadeira, na cadeira nome de  parede, e na parede nome de

bacalhau?

— Ai, meu Deus, este menino me deixa louco!

Daí a alguns dias, Marcelo estava jogando futebol com o pai: 

— Sabe, papai, eu acho que o tal de latim botou nome errado nas

coisas. Por exemplo: por que é que bola chama bola?

— Não sei, Marcelo, acho que  bola lembra uma coisa redonda,

não lembra?

— Lembra, sim, mas... e bolo?

— Bolo também é redondo, não é?

— Ah, essa não! Mamãe vive fazendo bolo quadrado... 

O pai de Marcelo ficou atrapalhado.

E Marcelo continuou pensando:

"Pois é, está tudo errado! Bola é bola, porque é redonda. Mas bolo

nem sempre é redondo. E por que será que a bola não é a mulher

do bolo? E bule? E belo? E bala? Eu acho que as coisas deviam

ter nome mais apropriado. Cadeira, por exemplo. Devia chamar

sentador, não cadeira, que não  quer dizer nada. E travesseiro?

Devia chamar cabeceiro, lógico! Também, agora, eu só vou falar

assim".

Logo de manhã, Marcelo começou a falar sua nova língua:

— Mamãe, quer me passar o mexedor?

— Mexedor? Que é isso?

— Mexedorzinho, de mexer café.

— Ah... colherinha, você quer dizer.

— Papai, me dá o suco de vaca?

— Que é isso, menino!

— Suco de vaca, ora! Que está no suco-da-vaqueira.

— Isso é leite, Marcelo. Quem é que entende este menino?

O pai de Marcelo resolveu conversar com ele:

— Marcelo, todas as coisas têm um nome. E todo mundo tem que

chamar pelo mesmo nome porque, senão, ninguém se entende...

— Não acho, papai. Por que é que eu não posso inventar o nome

das coisas?

— Deixe de dizer bobagens, menino! Que coisa mais feia!

— Está vendo como você entendeu, papai? Como é que você sabe

que eu disse um nome feio?

O pai de Marcelo suspirou:

— Vá brincar, filho, tenho muito que fazer...

Mas Marcelo continuava não entendendo a história dos nomes. E

resolveu continuar a falar, à sua moda. Chegava em casa e dizia:

— Bom solário pra todos...

O pai e a mãe de Marcelo se  olhavam e não diziam nada. E

Marcelo continuava inventando:

— Sabem o que eu vi na rua? Um puxadeiro puxando uma

carregadeira. Depois, o puxadeiro fugiu e o possuidor ficou

danado.

A mãe de Marcelo já estava ficando preocupada. Conversou com

o pai:

— Sabe, João, eu estou muito preocupada com o Marcelo, com

essa mania de inventar nomes para as coisas... Você já pensou,

quando começarem as aulas? Esse menino vai dar trabalho...

— Que nada, Laura! Isso é uma fase que passa. Coisa de criança...

Mas estava custando a passar...  Quando vinham visitas, era um

caso sério. Marcelo só cumprimentava dizendo: 

— Bom solário, bom lunário... — que era como ele chamava o

dia e a noite. 

E os pais de Marcelo morriam de vergonha das visitas.

Até que um dia... 

O cachorro do Marcelo, o Godofredo, tinha uma linda casinha de

madeira que Seu João tinha feito para ele. E Marcelo só chamava

a casinha de moradeira, e o cachorro de Latildo.

E aconteceu que a casa do Godofredo pegou fogo. Alguém jogou

uma ponta de cigarro pela grade, e foi aquele desastre!

Marcelo entrou em casa correndo:

— Papai, papai, embrasou a moradeira do Latildo!

— O quê, menino? Não estou entendendo nada!

— A moradeira, papai, embrasou...

— Eu não sei o que é isso, Marcelo. Fala direito!

— Embrasou tudo, papai, está uma branqueira danada!

Seu João percebia a aflição do filho, mas não entendia nada...

Quando Seu João chegou a entender do que Marcelo estava

falando, já era tarde.

A casinha estava toda queimada. Era um montão de brasas.

O Godofredo gania baixinho...

E Marcelo, desapontadíssimo, disse para o pai:

— Gente grande não entende nada de nada, mesmo!

Então a mãe do Marcelo olhou pro pai do Marcelo. 

E o pai do Marcelo olhou pra mãe do Marcelo. 

E o pai do Marcelo falou:

— Não fique triste, meu filho. A gente faz uma moradeira nova

pro Latildo.

E a mãe do Marcelo disse:

— É sim! Toda branquinha, com a  entradeira na frente e um

cobridor bem vermelhinho...

E agora, naquela família, todo mundo se entende muito bem. 

O pai e a mãe do Marcelo não aprenderam a falar como ele, mas

fazem força pra entender o que ele fala. 

E nem estão se incomodando com o que as visitas pensam...

Você gostou do fim da história? 

Se você fosse o autor, 

como é que você gostaria 

que a história acabasse? 

Por que é que você não escreve 

a história de um menino, 

ou de uma menina, 

que também inventou 

um jeito diferente de falar? 

Depois, mostre sua história 

à sua professora.